quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

surdo-cegos.

Feche os olhos, tape os ouvidos, imagine a sua vida assim para sempre! Apesar da perda das cores e dos sons, a vida continua a fazer sentido, continua a haver lugar à felicidade, ao crescimento, ao futuro. É isso que se ensina todos os dias no colégio António Aurélio da Costa Ferreira, em Lisboa, o único centro para surdocegos em Portugal.

Ser cego é uma pessoa não ver. Ser surdo é não ouvir. Ser surdo-cego é muito mais do que a soma das duas deficiências... Esta é a primeira lição, uma espécie de lei que se aprende ao passar da porta do Colégio António Aurélio da Costa Ferreira, em Lisboa.

Ser surdocego não significa necessariamente não possuir os dois sentidos: há quem veja um pouco e nada ouça, quem apanhe alguns sons e tenha ainda resíduos das cores e dos movimentos, quem tenha nascido sem nenhum dos dois sentidos E quem sentiu aos poucos a perda a marcar-lhe a vida, hora a hora, minuto a minuto. O mais terrível foi quem, de um momento para o outro, passou a ver só silêncio e escuridão. Grande parte das histórias de surdocegos é isso mesmo, a perda sucessiva dos sentidos: visão, audição... e quem sabe, paladar e tato.

Quando se nasce surdocego não se sabe que o mundo é diferente. Não se sabe que existem cores, números, pode-se até nunca descobrir a "noção do eu". É o ato de aprender que nos distingue dos outros, há que aproveitar cada momento para aprender e preparar as competências para o que a seguir virá. Para um surdocego há metas que se impõem, como a aprendizagem do Braille, a linguagem gestual... O difícil será sempre aprender a viver com as perdas e esquecer a pergunta: "porquê eu?".

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